quinta-feira, 24 de julho de 2014

[fanfic #009] [capítulo #001] [U2] Ausência

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AVISOS:
  • História não recomendada para menores (temas adultos)
  • Contém sexo hétero e gay




AUSÊNCIA

CAPÍTULO 1

Inglaterra, 1996

— Não, Ali, eu sei que... Não, não, eu sei... Mas... Não, eu já disse que... Vai ser só... Que droga, você quer me escutar? Eu já disse que houve um atraso na... Será que eu não posso falar duas palavras sem que você me interrompa? Ah, quer saber? Foda-se se você não acredita em mim! Faça o que bem entender!
Bono bateu o fone no gancho, xingando Deus, o mundo, e Ali. Adam entrava na sala, e disse:
— O Bono está nervoso, mandem parar o mundo. O que aconteceu?
— Ela! – Bono disse, nervoso – A Ali, aquela...
— Aquela mulher com quem você é casado há treze anos e com quem tem duas filhas?
— Que droga, Adam. – Bono se acalmara um pouco – Por que você sempre tem que me lembrar desses detalhes?
— Porque eu sou seu padrinho de casamento. – Adam pôs a mão sobre o ombro de Bono – Vai com calma, Bono. Todo casal briga de vez em quando.
— Eu sei. – Bono suspirou – É só que... Ultimamente, a Ali anda tão... Ela mudou muito nos últimos tempos.
— As pessoas mudam, é natural.
— Eu sei, mas ela mudou de um jeito que... Ela não confia mais em mim.
— Porque você dá motivo pra isso. Você também mudou muito, Bono. E não foi pra melhor.
Mais tarde, naquele mesmo dia, Bono confirmou o que Adam dissera.
Eles haviam acabado a gravação daquele dia – que já devia estar pronta há duas semanas – e estavam saindo a pé de um bar, quando Bono disse:
— Podem ir indo, eu vou passar em um lugar.
— Aonde você vai? – disse Larry.
— A um lugar. – disse Bono, já descendo a rua.
— Espero que não seja um daqueles lugares que sua mulher reprovaria. – disse Adam.
— Não enche, Adam.
Bono seguiu, sem hesitar, até o lugar em que costumava ir com certa regularidade sempre que estava na Inglaterra – embora já fizesse um tempo que não aparecia; mas, quando chegou na porta, hesitou. Lembrou-se do que Adam dissera, lembrou–se de Ali. Uma coisa era quando alguma fã invadia seu quarto, e ele ainda estava tomado pela excitação de um show; outra, bem diferente, era procurar outra mulher sem motivo algum. Certo, ele tinha motivos: estava há quase um mês longe de casa, e esse tempo todo sem sexo estava deixando ele louco. Mas isso não era um motivo que justificasse o que estava prestes a fazer, e ele sabia disso.
Por um instante ele esteve prestes a voltar. Chegou a dar um passo para trás. Mas, nesse momento, a porta se abriu e um homem saiu, alegremente. Duas belas garotas acenaram para ele, pedindo que retornasse em breve; e em seguida voltaram suas atenções para Bono.
— Olá, Bono. – disse uma delas – Não quer nos agraciar com sua presença?
Que se danem os motivos, Bono pensou. E, além do mais, a culpa era de Ali por não estar ali. Ele seguiu as mulheres para dentro da casa.
Era um lugar grande, com três andares. No térreo havia um grande salão com um bar, onde os clientes escolhiam as garotas, e onde de hora em hora havia algum tipo de show; no primeiro andar, ficavam os quartos comuns; e o segundo andar era reservado aos clientes especiais. Eram os melhores e maiores quartos, os mais luxuosos e caros. E esse era o andar para homens como Bono.
O lugar já estava lotado. Bono se sentou em uma das mesas, e logo a dona da casa foi lhe dar as boas vindas.
— Bono, querido. – disse a mulher, sentando–se na mesa de Bono – Que prazer ver você aqui. Fazia tempo que não aparecia.
— Oi, Dolly. Só vim pra dar uma olhada. Não vou levar ninguém.
— Ora, Bono, o que é isso... Você nunca sai daqui de mãos vazias. Eu tenho umas meninas novas, dê uma olhada, tenho certeza de que vai gostar...
— Obrigado, não estou interessado.
— Hum... – ela deu um sorrisinho malicioso – Não vai me dizer que se rendeu aos encantos daquele belo rapaz que toca guitarra na sua banda...
Bono abriu a boca para responder; mas nesse momento algo chamou sua atenção, e ele parou. Do outro lado do salão estava uma garota muito diferente das que andavam por ali. Parecia quase uma garota normal, não uma prostituta. Mesmo suas roupas eram quase normais. E era muito nova, com longos cabelos negros e olhos azuis brilhantes.
Dolly seguiu o olhar de Bono, e sorriu.
— Gostou?
— Quem é ela?
— O anjo da casa. Angel. Chegou há duas semanas.
— Angel... – ele sorriu – Linda...
— É a nossa peça mais cara. Você perdeu. Ela chegou aqui virgem.
— Virgem?
— Virgem.
— Quantos já pegaram?
— Três. Não é pra qualquer um.
Não era mesmo. Ela andava pelo salão como se flutuasse, sequer olhava para os clientes. Bono a seguiu com o olhar, até que ela desapareceu por uma porta.
— Certo. – Bono suspirou, vencido – Eu quero ela.
— Ótimo. – a mulher sorriu – Você quer que ela venha pra cá ou quer encontra-la no quarto?
— No quarto. Não quero que me vejam com alguém.
— Certo. Eu vou mandar ela subir.
A mulher se foi, e voltou quinze minutos depois.
— Tudo pronto. Pode subir. A mandei para o quarto 205. É o nosso maior.
— Certo. – Bono se levantou com um sorriso.
— Olha – disse Dolly, enquanto o acompanhava até o elevador – vá com calma, certo? Ela é um pouco tímida. E é uma garotinha.
— Pode deixar.

* * * * *

Bono deu uma leve batida na porta e entrou. O quarto era enorme e ricamente decorado, a cama era grande e convidativa, as paredes eram cobertas por espelhos. Mas não foi nada disso que chamou sua atenção. Foi a garota sentada em uma cadeira, logo à sua frente.
Ela era ainda mais bonita vista de perto. Bono gostava de escolher garotas de “olhos espanhóis”, como os de Ali; mas aqueles olhos azuis que ele via agora eram simplesmente maravilhosos. Ele nunca vira uma prostituta tão bonita. E de aparência tão inocente.
— Olá. – ele disse, trancando a porta atrás de si.
A primeira reação da garota foi de espanto.
— Você... – ela exclamou, incrédula. Bono sorriu.
— Bono, a seu dispor.
Ele beijou a mão dela, e ela se levantou. Ainda parecia surpresa, quase assustada.
— Angel. – disse Bono, ainda segurando a mão da garota, e a analisando de cima a baixo – Você é realmente linda.
Ela corou.
— Obrigada.
Mesmo se Bono não fosse um especialista em mulheres, ele facilmente perceberia que a garota estava tensa. E ele não era o tipo de cliente que se preocupava só com o próprio prazer. Disse:
— Vamos beber alguma coisa?
— Se o senhor quiser...
A voz dela era pouco mais que um sussurro. Bono riu.
— Vamos, nada de “senhor”. – ele passou a mão pelo rosto dela, carinhosamente – Me chame de “você”.
— Sim, senhor. – ela corou ainda mais – Digo... Sim.
— Vamos ver. – ele foi até o pequeno bar do outro lado do quarto – O que você vai querer? Vinho, uísque, champanhe...
— Tanto faz. O que você quiser.
Ele encheu duas taças com vinho e voltou para junto de Angel. Entregou uma taça a ela, dizendo:
— Vamos brindar.
— À que?
— A essa noite.
Eles brindaram, mas Angel praticamente não bebeu.
— Não gostou do vinho?
— Gostei... É só que... Eu não costumo beber.
— Você vai se acostumar rápido. – ele pegou a taça e a levou aos lábios dela – Vai te ajudar a relaxar.
Angel acabou bebendo tudo. Bono colocou as taças vazias sobre a mesa e se voltou para a garota.
— Você gosta de música?
— Gosto.
Bono ligou o som, colocando um disco de músicas românticas.
— Dança comigo?
Ele a abraçou, sem esperar resposta, e a puxou para junto de si. Os dois começaram a dançar, e logo a garota parecia mais calma: apoiou a cabeça no ombro de Bono e deixou que ele a guiasse.
— Quantos anos você tem?
— Dezoito.
— É bem novinha.
— Você... Gosta de meninas mais novas?
— Não tenho tara por garotinhas. – ele se afastou um pouco para poder olhar para ela – Mas uma garota como você deixa qualquer homem louco.
Ela sorriu. Bono tocou no rosto e nos cabelos dela e se aproximou mais. Angel passou a mão pelo rosto dele, encantada, e ele tentou conseguir um beijo. Ela quase aceitou, mas então se lembrou do motivo que os trouxera ali, e se afastou.
— Não. Nada de beijos.
— Por favor, querida. – ele buscou os lábios dela – Eu pago o dobro pelos beijos.
— Não é questão de dinheiro. – ela o evitou.
— Certo. – Bono suspirou – Sem beijos, então.
Como não podia beijá-la na boca, Bono se contentou em beijá-la no pescoço, no rosto, nos ombros. No início ela parecia um pouco perdida, mas logo começou a corresponder aos carinhos. Não demorou muito para que Bono se empolgasse e a mandasse abrir sua calça. Angel obedeceu, e logo ele estava gemendo e murmurando coisas, enquanto ela o tocava.
— Ah, isso é bom... – ele passava as mãos pelo corpo dela com desespero – Você é tão gostosa...
Ela tirou a camisa dele, e ele a fez se ajoelhar. Ela deixou que ele implorasse um pouco, e então fez o que ele queria. Bono adorava aquilo, e deixou que durasse bastante tempo; podia acabar assim, mas ainda queria mais, então se afastou.
Angel se levantou e esperou que Bono se recuperasse, abraçada a ele. Ele teve que respirar profundamente algumas vezes, até sentir que era capaz de falar novamente.
— Isso foi incrível. – ele a puxou para si – Eu amo sua boca.
Ele beijou o pescoço dela, enquanto a encaminhava para a cama. A soltou e se deitou, dizendo:
— Eu quero te ver nua.
Por um momento ela hesitou, mas logo recuperou o ar profissional. Subiu nele, com o corpo dele entre suas pernas, e abriu o zíper do vestido, tirando-o lentamente. Quando tirou o sutiã, Bono quase perdeu o fôlego.
— Você é perfeita... – ele agarrou os seios dela – Perfeita...
Angel deixou que Bono brincasse com seus seios durante um tempo, mas então o empurrou de volta para a cama. Tirou o resto da roupa e se deitou sobre ele. Bastaram algumas carícias para que ele se empolgasse novamente: a jogou na cama e subiu nela, invertendo as posições. Beijou todo o corpo da garota, explorando cada parte. Estava desesperado por um beijo na boca, precisava daquilo, queria sentir outra língua junto da sua; mas a garota o negou novamente. Ele não tinha mais tempo para preliminares, queria se saciar, e queria agora.
A garota se inclinou para a cabeceira da cama e pegou uma camisinha. Bono deixou que ela colocasse nele, e então a empurrou de volta para a cama. Entrou nela lentamente e parou por um momento, saboreando a sensação. Começou a se mover devagar, mas seu corpo exigia mais, e logo ele alcançara um ritmo rápido.
Houve várias mudanças de posição; a mesma inquietação que Bono tinha no palco, ele demonstrava na cama. Só quando estava sentado, com a garota em seu colo, ele pareceu satisfeito. Passaram-se mais dez minutos; Bono mordeu os lábios e fechou os olhos, a respiração acelerada, e em seguida gritou, apertando a garota contra si em um abraço sufocante.
Angel ainda sentia os gritos ecoarem pelo quarto quando ele saiu de dentro dela e se deitou na cama. Ela se deitou ao seu lado e esperou.
Demorou tanto para que ele abrisse os olhos que ela chegou a pensar que ele dormira. Mas aos poucos a respiração de Bono voltou ao normal; ele abriu os olhos e olhou para a garota ao seu lado.
— Hum... – ele deitou no peito dela – Isso foi ótimo...
Ela ficou em silêncio, o olhar distante, parecendo perdida em outro mundo. Bono olhou para ela e beijou seu rosto e seu pescoço.
— Você gozou?
— Ahm... Não.
A pergunta parecia tê-la deixado um pouco confusa, como se ela nunca tivesse sido questionada sobre aquilo. Bono desceu a mão para entre as pernas dela, mas ela o afastou, parecendo assustada.
— Não.
— Eu quero te dar isso.
— Não precisa.
Bono se ergueu um pouco.
— Qual o problema?
— Nenhum. – ela se afastou e se sentou na cama – Eu só não quero.
— Não quer sentir prazer?
— Não é pra isso que eu sou paga. – ela parecia estar quase chorando.
— Você nunca sentiu?
— Isso não importa. Você já teve o que queria. Vá embora, por favor.
Aquela atitude deixou Bono surpreso, para dizer o mínimo. Ele olhou para ela, atônito.
— Geralmente as garotas me pedem para ficar.
— Mas eu não sou como elas.  – agora, o tom dela era ríspido – Eu não quero, não você. Vá embora, por favor.
Ele nunca fora rejeitado daquela forma. Ou nunca nos últimos doze ou treze anos.
— O que houve? – ele tocou nos cabelos dela – Eu fiz algo de errado?
Ela se levantou bruscamente e se afastou.
— Não. Eu só estou pedindo pra você ir embora. Já fiz o meu trabalho, você não tem que ficar aqui.
Bono ainda pensou em dizer alguma coisa, mas desistiu. Levantou-se e se vestiu, em silêncio. Angel ficou mexendo distraidamente em um copo, sem olhar para ele. Quando já estava na porta, ele se voltou para ela.
— Você devia ser um pouco mais calorosa. Não adianta só ser bonita.
Angel olhou para ele, mas nada disse. Bono saiu, fechando a porta atrás de si.

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2 comentários:

Gugu Keller disse...

Muito interessante. Qual seria a música de fundo? Talvez "Please"...
GK

Vitoria Esewer disse...

"Please" é uma boa. Acho que "Even Better than the Real Thing" também combina.