terça-feira, 19 de agosto de 2014

[fanfic #009] [capítulo #004] [U2] Ausência

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AVISOS:
  • História não recomendada para menores (temas adultos)
  • Contém sexo hétero e gay

AUSÊNCIA

CAPÍTULO 4


Já era tarde quando alguém bateu na porta do quarto. Iris foi abrir, e se deparou com Bono, que lhe trazia um buquê de rosas.
— Pra você. – ele disse, lhe entregando as rosas.
— Obrigada. – ela pegou as flores, não parecendo nem feliz nem desapontada – Entra.
— Como você está? Passou bem o dia?
— Passei. O Edge e o Adam me levaram pra passear pela cidade, foi muito legal.
— Me desculpe ter ficado esses dias distante de você. Mas agora eu vou poder te dar toda a atenção que você merece.
— E a Ali?
— Ela já foi. Pegou o voo ainda há pouco para Dublin, eu fui levar ela no aeroporto. Somos só nós dois agora.
Iris sorriu levemente, mas não demonstrava a alegria que Bono esperava, e isso o deixou um pouco decepcionado. Mas achou que poderia ser o cansaço; durante os últimos dias, a menina ficara andando para cima e para baixo o dia inteiro, conhecendo a cidade e as pessoas da equipe.
— Você quer mudar para o meu quarto hoje mesmo? – disse Bono, se sentando no sofá e fazendo Iris se sentar ao seu lado – Ou quer esperar até amanhã? Eu gostaria que viesse hoje, mas se estiver cansada...
— Bono... – ela tinha um tom ligeiramente triste na voz – Eu andei pensando, e... Acho que não vou me mudar para o seu quarto.
— O que? – ele não esperava por isso – Por quê?
— Por nada. Eu só... Acho melhor ficar aqui.
— Iris, o que está havendo? Eu achei que estivesse ansiosa por poder ficar junto de mim de novo, achei que... Que fosse ficar feliz quando Ali fosse embora.
— Eu também achei. Mas... Bono, se você é casado com a Ali, porque quer tanto ficar comigo? Ou você gosta dela, ou gosta de mim. Eu não quero ficar com você sabendo que é a Ali quem você ama.
— Oh, querida... Eu amo a Ali, sim, mas também amo você.
— Mas isso não é certo! Quando a gente estava na Inglaterra, e eu ainda não tinha visto você com a Ali, era quase como se ela não existisse, e ficar com você parecia tão certo... Mas agora...
— Não tem que mudar nada, Iris. Você não vai nem lembrar da existência da Ali quando estiver comigo, eu prometo. Eu sei que é difícil entender isso, mas eu acredito que alguém pode amar duas pessoas ao mesmo tempo, da mesma forma. E eu amo você tanto quanto amo a Ali.
Ela se lembrou de quando Edge dissera a mesma coisa sobre alguém poder amar duas pessoas.
— Eu só vou para o seu quarto se você prometer que não vai falar da Ali. E que não vai me pressionar a dormir com você.
— Eu prometo. Jamais te pressionaria.

* * * * *

Iris se instalara na enorme suíte de Bono, e agora ele tentava convencê-la a compartilhar também sua cama.
— Já dormimos juntos tantas vezes...
— Não sei, Bono... Eu não consigo deixar de pensar que estou fazendo algo de errado.
— Mas nem fizemos amor ainda...
— Esse é o problema. Esse “ainda”. Eu nunca disse que ia fazer amor com você, mas sei que tudo o que está fazendo por mim é na esperança de ter alguma recompensa.
— Claro que não. Se no final você disser que decidiu não se deitar comigo, eu vou respeitar e não vou insistir. Claro que eu ficaria muito feliz se você decidisse fazer amor comigo, mas não vou usar o que estou fazendo por você como uma forma de pressão.
— Então, se dormirmos juntos, você não vai tentar...
— Claro que não.
Ela pensou um pouco, e por fim acabou se convencendo de que ele estava sendo sincero.
— Está bem. Mas se tentar qualquer coisa, eu vou embora.
— Não vou tentar nada, eu prometo.

* * * * *

Um mês depois

— Nada ainda?
— Nada. – Bono suspirou, olhando desanimado pela janela do restaurante – Nunca vi uma garota tão difícil. Acho que, quando conseguir dormir com ela, vou mandar fazerem uma queima de fogos para comemorar.
Edge riu.
— Que exagero, Bono. Você disse que ia ser paciente com ela.
— Mas eu estou sendo! – ele parecia desesperado – Edge, eu juro que não sei mais o que faço. Eu estou sendo mais carinhoso e romântico com ela do que já fui com qualquer outra mulher. Eu dou flores e presentes para ela todos os dias, nós saímos juntos, vamos aos lugares mais bonitos que eu consigo imaginar... Ela adora, claro. Está muito feliz, e eu fico feliz por isso. Mas ela não me dá nada em troca, nem um beijo! Estou começando a achar que estou fazendo tudo isso à toa. Não vou conseguir dormir com ela nunca.
— Há duas semanas você estava dizendo que esperaria a vida inteira por ela.
— Só que há duas semanas eu não estava há um mês sem sexo.
— Bem – Edge sorriu – eu já te disse que isso é muito fácil de resolver.
— Seria, se ela não estivesse no meu quarto.
— Você pode ir para o meu.
— E ela nem ia perceber a minha ausência durante duas horas. Não, Edge. É muito arriscado.
— Pra mim você está vendo empecilhos onde não tem. Se você quer sexo tanto assim, cinco minutos dentro de um camarim logo depois do show seriam suficientes.
— Não suficientes pra mim. Eu quero... – ele suspirou – Eu quero ela. E não por cinco minutos. Eu quero ela durante a noite inteira.
— Só que você não tem ela. – agora, era Edge que parecia cansado – E se continuar assim, vai acabar perdendo até o que já tem.
Ele se levantou e saiu do restaurante. Fora tão repentino que Bono demorou alguns instantes para reagir. Quando foi atrás dele, o encontrou já dentro do carro, no estacionamento.
— Ei. – Bono entrou no carro, mas não fechou a porta – O que foi?
— Nada. – Edge colocou o cinto e ligou o carro – Vamos?
Bono fechou sua porta, mas desligou o carro antes que Edge pudesse sair. Olhou em volta, para ter certeza de que não havia ninguém por perto – mesmo sabendo que ninguém poderia vê-los, por causa dos vidros escuros – e disse:
— Pare com isso. Você está sendo ridículo.
— E você está sendo egoísta! Só está pensando no seu lado! Não é só você que está há um mês sem sexo, Bono. Eu durmo sozinho todas as noites naquele maldito quarto de hotel, esperando que uma hora você tenha um tempo livre pra ir me ver. Mas você só tem olhos pra Iris.
— Não acredito que está com ciúmes dela.
— Eu não estaria se você não estivesse agindo como se ela fosse a única coisa que te importasse no mundo!
— Eu não estou agindo assim! – ele parou e respirou fundo, pois não queria começar a gritar – Desculpe. Eu sei que estou agindo como um... Um imbecil apaixonado. Não queria te deixar de lado. Mas eu quero tanto a Iris que... – ele suspirou – Não quero te usar como um substituto.
— Eu não me importo. Já me acostumei a ser tratado dessa forma, porque é sempre pra isso que você me usa, não é?
— Edge!
— Desculpe. – Edge percebeu que Bono se ofendera – Desculpe, não quis dizer isso. Esquece.
Os dois ficaram bastante tempo em silêncio, até que Bono disse:
— Eu posso dar um jeito de ir te ver, hoje. Posso dizer à Iris que tenho algum compromisso, e podemos ir para algum lugar.
— Não. – Edge ligou novamente o carro – Cuide primeiro dela.
— Mas...
— Não quero mais falar sobre isso, ok? Esqueça que eu disse qualquer coisa.
Bono acabou se calando, e eles saíram dali.

* * * * *

Iris estava no jardim do hotel, tirando fotos dos canteiros de flores e das pessoas que trabalhavam na equipe. Edge chegou e a pegou pelo braço, dizendo, com um sorriso:
— Iris, você quer sair comigo?
— Sair? – ela parecia imensamente feliz – Pra onde?
— Você vai ver quando chegarmos lá. Mas se preferir ficar...
— Não, não, eu vou sim! – ela entregou a câmera para outra garota – Vamos!
Edge a levou para uma sorveteria onde costumava ir com Morleigh, e lá eles ficaram conversando durante algum tempo. Ele sabia que Iris gostava de sua companhia tanto quanto gostava da de Bono, e mais do que gostava de estar com Adam e Larry.
Depois da sorveteria, eles foram para um parque. Mas não saíram do carro, pois estava começando a chover; ficaram ali dentro, debaixo de algumas árvores, apreciando a vista ao redor.
— Está gostando daqui? – disse Edge, mexendo nos cabelos dela.
— Estou! – ela deixou de olhar pela janela e olhou para ele – É lindo!
Ele sorriu.
— Sabe, Iris...
— O que?
Ao invés de dizer, ele ficou olhando para ela, em silêncio. Tocou o rosto dela, e ela olhava para ele com curiosidade.
— O que foi?
— Posso te pedir uma coisa?
— Claro!
— Eu quero que você feche os olhos.
— Ahm? Por quê?
— Porque sim. – ele afastou alguns fios de cabelo do rosto dela – Fecha.
Sem entender, mas curiosa para saber o que ele queria, Iris fechou os olhos. Por um momento, ele não disse ou fez nada; mas de repente ela sentiu o toque suave de outros lábios sobre os seus, e abriu os olhos, assustada. Edge a beijara.
— O-o-o que você...
— Calma. – ele a segurou suavemente, para que ela não se afastasse – Vem cá.
Ele tentou fazer aquilo de novo, mas Iris se afastou, parecendo quase em pânico.
— O que você tá fazendo? Por que você fez isso?
— Iris. – Edge riu e tocou no rosto dela – Eu sei que você quer isso.
— Não, eu não...
— Quer sim. – ele chegou mais perto dela – É tão óbvio. Você não precisa disfarçar.
— Não! – ela tentava de todas as formas impedir que ele a beijasse – Eu não posso fazer isso, o Bono...
— Ele não precisa saber.
— Eu não acredito que você está fazendo isso, Edge! O Bono é seu melhor amigo! Como pode trair ele assim?
— Você se importa tanto assim com ele?
— É claro! Eu amo ele! – ela ficou vermelha – É verdade que eu gosto de você também. Mas eu disse ao Bono que ficaria com ele, porque eu gosto dele, e nunca trairia ele, muito menos com você! Seria horrível, eu jamais faria isso!
— Você pode ficar comigo, então. Eu posso te dar tudo o que ele te dá. Posso te dar até mais. Afinal, eu não sou casado. Não teria que ficar escondendo que estamos juntos.
— Não não não! Eu não estou interessada no que você pode ou não me dar, nem no que ele faz ou não por mim. Eu estou com ele porque gosto dele, independente de qualquer coisa. Mesmo que você dissesse que quer se casar comigo e me dar o sol e a lua, eu não aceitaria.
Edge ficou olhando para ela durante algum tempo, a analisando.
— Tem certeza disso? Ele nunca saberia.
— Certeza absoluta.
— Ótimo. – ele sorriu, voltando ao que ela considerava seu estado normal – Eu acredito em você agora. Você é uma boa menina.
— Ahm?
— Eu antes achava que você só estava querendo se aproveitar do Bono. Que ficaria com qualquer cara que te oferecesse alguma coisa. Mas você me mostrou que não é assim, que realmente merece ele. – ele mexeu nos cabelos dela – Estou orgulhoso de você.
— V–você... Você estava me testando?
— Sim.
— Edge! Isso não se faz! – ela tinha lágrimas nos olhos – Eu levei um susto! Achei que você quisesse... Sei lá, achei que tudo o que eu pensava que você era estava errado!
— Desculpa. – ele sorria para ela – Mas eu precisava fazer isso. O Bono está completamente apaixonado por você, e eu sei como ele fica quando se envolve com alguém e essa pessoa o decepciona. Não queria que isso acontecesse.
Ela ficou em silêncio, ainda um pouco chateada pelo que Edge fizera. Os dois ficaram um tempo quietos, olhando pela janela para a chuva que aumentara. Edge ligou o rádio e disse:
— Vocês estão dormindo juntos?
— O que? – ela se voltou para ele.
— Você já dormiu com ele? Digo, depois que vieram para cá.
Iris ficou muito vermelha e olhou para o chão. Balançou a cabeça, dizendo que não.
— Eu imaginei que não. – disse Edge – O Bono não tem me parecido muito bem.
— Ele não comentou isso com você?
— Claro que não. Ele te respeita demais, não comenta essas coisas. Mas eu percebi que alguma coisa devia estar errada. Ele me parece muito triste. Talvez um pouco... Decepcionado.
— Mas... Ele disse que não ia me pressionar, que se eu não quisesse dormir com ele, tudo bem...
— E ele vai cumprir a promessa. Mas ele está triste porque está apaixonado por você, e você não sente o mesmo por ele.
— Claro que sinto! Eu já disse a ele que gosto dele. Só que acho que não preciso dormir com ele pra demonstrar isso.
— Eu sei o que você pensa. Mas tente entender o lado dele. Imagine que você sinta que finalmente está pronta para dormir com ele, e resolva que isso vai acontecer hoje à noite. Só que aí, quando você diz pra ele isso, ele diz que não quer. Você insiste, diz que sabe que ama ele e que quer ficar com ele para sempre. E ele diz que também gosta de você, mas que não quer fazer isso, seja lá por qual motivo. E você tenta várias vezes, você faz de tudo para que aconteça, porque você realmente quer isso... Afinal, você ama ele... Só que ele não aceita. Você não ficaria triste por isso? Não começaria a se perguntar se ele gosta mesmo de você, ou se só está fazendo um teste para ver se é isso mesmo que quer?
— Talvez... – ela estava pensativa.
— É exatamente isso o que ele está pensando agora. E ele está sofrendo por causa disso. Eu sei que você passou por coisas ruins e por um tempo você quis se preservar. Mas já faz semanas que você está com ele. Tudo o que você viveu é passado, não importa mais. Se você ama mesmo o Bono, demonstre isso, faça ele feliz. Ou vai acabar perdendo ele e passando o resto da vida lembrando só das coisas ruins que aconteceram.
A chuva diminuíra, mas agora fazia mais frio. Iris ficou olhando para fora, pensando no que Edge lhe dissera. Ele mexeu nos cabelos dela, dizendo:
— Eu não estou falando isso pra te pressionar. Eu me preocupo com você e não quero que faça nada de que se arrependa. Mas o Bono é muito importante pra mim e eu não quero que ele sofra. Tudo o que estou pedindo é que você seja justa com ele, Iris. Se você não o ama tanto assim, então diga isso para ele antes que ele se envolva mais. E se o ama, então pare de fugir, porque isso está machucando vocês dois.
— Eu amo ele. – ela suspirou – Eu só tinha medo de... De que ele me abandonasse depois de dormir comigo. De que não me amasse tanto assim.
— Eu tenho certeza de que ele te ama e que não vai te abandonar.
— Eu sei.
Ela não disse mais nada sobre aquilo, e Edge não insistiu.

* * * * *

Bono estava no quarto de Edge, e os dois conversavam.
— Mas pra aonde vocês foram? – disse Bono – Eu fiquei preocupado, vocês chegaram tarde.
— Depois eu explico. Mas não hoje. Hoje, você tem que cuidar dela.
— Como assim?
— Eu acho que ela vai dormir com você.
— O que!? Como? Por quê?
— É uma longa história, depois eu explico. Mas ela não vai se oferecer, você é que vai ter que pedir. E pedir direito. Faça alguma coisa especial, sei lá, leve ela pra jantar ou qualquer coisa assim. E peça, mas peça daquele jeito, você sabe como fazer. E mesmo que ela diga não, insista. Ela vai querer que você insista, mas de um jeito gentil. E se mostre muito, muito, muito paciente. Nada de pressa, ou pode estragar tudo.
— Claro, claro, eu vou ser paciente, vou... Mas você tem certeza que ela quer?
— Não certeza, mas acho que se você fizer tudo direito, ela vai. Eu conversei bastante com ela. Mas não fale sobre mim, nem cite o meu nome pra ela, ou ela vai achar que você só está fazendo isso porque eu mandei. Faça como se não soubesse de nada.
— Pode deixar.

* * * * *

Quando Iris terminou de se arrumar, Bono já estava esperando por ela há algum tempo. Ele a avisara de que eles sairiam para jantar fora, em um lugar especial, e ela sempre ficava um pouco nervosa em situações como aquela.
— Pra aonde a gente vai? – ela perguntou, quando eles saíram de mãos dadas do hotel e entraram no carro.
— Vamos jantar em um restaurante que eu gosto muito. É um pouco longe, mas é um lugar incrível. Acho que você vai gostar.
Eles foram para o restaurante, que era um dos mais bonitos a que Bono já a levara. Durante o jantar, ele a fez beber um pouco, embora a princípio ela recusasse.
— Eu não costumo beber.
— É só uma vez. – ele encheu o copo dela – Não vai fazer mal.
— Mas eu só vou tomar um pouquinho.
— Tudo bem. – eles brindaram – Me acompanhe.
Depois do jantar, os dois não voltaram imediatamente para o carro; preferiram ir andar um pouco ao redor do restaurante. Foram até uma praça, onde havia um enorme chafariz, e se sentaram em um dos bancos.
— Você está gostando da cidade? – ele disse.
— Sim! – ela sorriu, olhando para a água que caía do chafariz – É linda.
— Você já tinha estado nos Estados Unidos?
— Claro, eu nasci aqui.
— Sério? – ele estava surpreso – Onde?
— Na Califórnia. Mas me mudei pra Flórida quando era criança ainda.
— Nossa, eu achei que você fosse inglesa.
— A namorada do Edge também é da Califórnia, não é?
— É, acho até que está por lá agora. Ela ia aproveitar as férias para ir ver as irmãs.
— O Edge... – ela parou e ficou olhando a água cair – O Edge gosta mesmo dela, né?
— É, parece que sim.
— Eu acho que eles formam um casal muito bonito. Eu gosto mais dela do que gostava da Aisllin. Espero que eles fiquem juntos por bastante tempo.
— Eu também. Quero que eles sejam felizes. – ele a abraçou pela cintura – E espero que o mesmo aconteça com a gente.
Ela olhou para ele.
— Você quer ficar comigo por muito tempo?
— Sim. Pelo maior tempo possível.
— Mas você tem a Ali. E ama ela.
— Eu a amo sim. Ela é a mulher que mais amei a minha vida inteira. E mesmo assim, desde que te conheci, eu tenho pensado muito mais em você do que nela.
— Você gosta de mim?
— Eu te amo.
— Mesmo?
— Sim. – ele tocou no rosto dela, olhando em seus olhos – Te amo mais do que achei que fosse capaz de amar alguém. Eu daria minha vida e minha alma por você.
Os dois se olharam ainda por um tempo, e ela se sentia hipnotizada por aqueles olhos azuis, tão intensos; e então ele a beijou. Só pararam depois de muito tempo, e Bono encostou seu rosto no dela, os dois de olhos fechados, sentindo a respiração um do outro.
— Eu nunca... – ela murmurou – Nunca tinha beijado alguém que eu gostasse de verdade.
Ele sorriu e a beijou novamente. De repente, não fazia mais tanto frio; de repente, ela não se sentia mais sozinha, e não existia mais nada além de Bono. Tudo de ruim desaparecera.

* * * * *

Iris se sentou na cama, olhando pela janela para o céu nublado. Enquanto ela olhava, recomeçou a chover. Um vento frio entrou no quarto, e a fez se encolher.
— Quer que eu feche a janela? – Bono disse.
— Não precisa. – ela segurou a mão dele – Eu prefiro que você me esquente.
Aparentemente ela falara aquilo com um tom inocente, mas Bono sentiu o coração acelerar ainda mais. Sentou-se ao lado dela e a abraçou; logo, estavam se beijando de novo.
— Você se sente mais quente? – ele disse, suavemente a inclinando para a cama, fazendo-a se deitar.
— Acho que sim... – ela deixou que ele a deitasse, sem oferecer resistência.
— Posso te aquecer muito mais, se você quiser.
Ele voltou a beijá-la, mas Iris o afastou. Parecia estar bastante nervosa.
— Espera.
— Desculpe. – ele se afastou – Estou indo muito rápido.
— Um pouco. – ela se sentou, parecendo estar em dúvida do que devia ou não fazer – Estou com medo.
— Medo do que?
— Eu não sei.
— Eu não vou te machucar.
— Eu sei. Só estou um pouco... Nervosa.
— Eu te amo, Iris. – ele beijou o ombro dela – Eu te quero muito. Mas se você disser que quer parar agora, eu não vou insistir.
Ela olhou para ele, tentando se decidir; mas os olhos dele a prenderam de tal forma que ela se viu incapaz de dizer qualquer coisa. Ele tocou suavemente no rosto dela, mas não tentou beijá-la; suas mãos desceram por ela, tocando-a de forma suave. Uma das mãos de Bono tocou sua perna, enquanto a outra passeava suavemente por sua cintura, sua barriga, suas costas. Iris estava tão presa pelos olhos dele que mal percebeu quando a mão que estava em sua perna começou a subir, lentamente, para dentro do vestido. Só então Bono a beijou de novo, da mesma forma delicada.
Iris não protestou dessa vez, nem tentou fugir. Bono não precisou deitá-la; bastou incliná-la levemente, e ela se deitou, esperando por ele. Ele se deitou sobre ela, e logo não havia roupas entre eles; e tudo acontecia de forma tão suave que Iris não sentia mais medo, nem se assustava a cada novo toque, novo beijo.
Bono decidiu, depois de algum tempo, que uma das coisas que mais gostava nela eram as pernas. Apesar de pequena, ela tinha pernas longas, como as de uma modelo. Ele beijava cada centímetro das pernas dela. Seus quadris, sua cintura. Os seios grandes, fartos, onde ele se perdeu por um longo tempo. Seu pescoço pequeno. Seus cabelos, negros como a noite. Seus olhos azuis. Sua boca delicada. Ele se perdia em cada centímetro dela, não podendo decidir onde ficar, querendo passar a eternidade em cada lugar que seus lábios tocavam, mas sem poder resistir à tentação de explorar novos lugares.
Estar dentro dela, dessa vez, foi totalmente diferente de antes. Ele não tinha nenhuma pressa, nenhuma ânsia de terminar. Apenas mergulhava nela, devagar, em um ritmo lento e suave, como pequenas ondas na água calma de um rio. A princípio ela estava deitada, e ele estava sobre ela; mas acabaram por ficar sentados na cama, unidos em um abraço apertado, perdidos em pele e calor e suor, e sussurros tão baixos que eram como conversas mudas.
Para Bono, era como estar fazendo amor com uma pessoa completamente diferente. Iris abandonara o ar frio e distante de prostituta, abandonara a tristeza mal disfarçada; e ele tinha que confessar que até esperara, por um momento, que ela fosse agir como uma garotinha virgem. Obviamente, ela não só não era virgem como tinha uma vasta experiência, e a princípio ele ficou um pouco incomodado com isso; mas os conhecimentos dela acabaram por agradá-lo muito.
A madrugada veio encontra-los deitados de frente um para o outro, ela coberta pelo edredom, ele sem nada o cobrindo. Olhavam-se com o silêncio daqueles que podem ler as palavras nos olhos um do outro.
— Você vai estar aqui amanhã? – ela perguntou, mesmo sabendo a resposta.
— Na próxima e em todas as manhãs.
Satisfeita, ela fechou os olhos e adormeceu.

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