CAPÍTULO 11
Gill entrou correndo no quarto, sem bater. Edge estava vestindo a camisa, e levou um susto.
-- Gill! - ele se cobriu com o lençol, como se estivesse sem roupa – Qual é? Não entra assim!
-- Edge, você tem que ir lá na sala, o Dick tá doido!
-- O que houve?
-- É que seu amigo lindo chegou aqui e...
-- O Bono?
-- É, ele veio e disse que queria te ver, e eu que atendi ele, e fiquei dando em cima dele, e ele é muito gentil e disse um monte de coisas bonitas, e eu disse que ia te chamar, mas aí o Dick apareceu e me mandou sair, e eu saí mas fiquei espiando, e o Dick começou a discutir com o Boninho! Eu não consegui ouvir o que eles tavam dizendo, mas dava pra perceber que eles estavam brigando, e fiquei com medo de entrar lá e o Dick brigar comigo na frente do Bono...
-- O Dick... Discutindo com o Bono?
-- É! Você tem que ir lá na sala, tem que defender o Bono...
-- Não. - ele se sentou na cama – Esquece isso, Gill. Vai brincar, vai.
-- Mas Edge...
-- Isso é coisa entre eles. Você não ia entender. Mas eles têm os motivos deles para estarem brigando.
-- Mas se vocês ficarem de mal do Boninho, ele não vai mais vir aqui em casa e eu nunca vou conseguir conquistar ele.
-- Toma jeito, Gill! Ele é velho demais pra você! E não vale o chão que pisa.
Ela saiu, resmungando um “não é justo”. Edge sentia milhões de coisas ao mesmo tempo: saber que Bono estava ali, tão perto, era ao mesmo tempo bom e apavorante. E saber que seu irmão estava discutindo com ele o fazia se sentir grato e envergonhado. Afinal, não era nenhuma mocinha desonrada pra precisar da proteção do irmão mais velho.
Passaram-se alguns minutos até que Dick aparecesse. Ele entrou no quarto e fechou a porta, dizendo:
-- O Bono esteve aqui.
-- Eu sei. Gill me disse.
-- Ela estava quase sentando no colo dele quando eu cheguei na sala. Tive que praticamente expulsar ela de lá.
-- E você... Falou com ele?
-- Falei. Disse umas verdades pra ele. Tenho certeza de que ele nunca mais vai se meter a besta com você.
-- Mas o que você disse?
-- Disse a verdade. Que ele era um safado pervertido, um aproveitador, e que você não era da laia dele. Ele disse que queria conversar com você, e eu disse que você não queria vê-lo, que era um rapaz decente, e não um marginal como ele e aquele bando de amigos que ele tem. E disse que você nunca mais ia se aproximar dele, que tinha vergonha do tempo em que foram amigos, que se arrependia profundamente de tudo o que tinha feito de errado e que estava muito melhor agora, sem ele.
-- E... O que ele disse?
-- Primeiro não disse nada, depois tentou se defender, tentou passar a culpa pra você, mas não tinha argumentos, sabia que estava errado. Eu o mandei ir embora, e ele foi. Duvido que tenha a cara de pau de se aproximar de você de novo.
-- Eu... Estou tão grato a você, Dick... E ao mesmo tempo, tão triste... Eu tinha acreditado na amizade do Bono, confiei tanto nele, ele parecia ser um cara legal...
-- Eu sei, você está triste porque confiou numa pessoa e essa pessoa se aproveitou de você, te decepcionou. Mas você vai superar isso. - ele abraçou Edge – Semana que vem, vai voltar pra escola, e vai ver como as coisas vão começar a voltar ao normal. E, se o Bono tentar alguma coisa, pode me falar, que eu vou dar uma boa lição nesse indivíduo.
-- Obrigado, maninho.
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