terça-feira, 24 de setembro de 2013

[fanfic #008] [capítulo #002] [U2] Tão Perto, Tão Longe


TÃO PERTO, TÃO LONGE

CAPÍTULO 2

Pensando nisso agora, eu tenho certeza de que Bono já sabia sobre a minha paixão por ele desde aquela época. E isso o divertia. Ele me colocava nas situações mais desesperadoras, apenas para me provocar. Não que ele quisesse me seduzir; ele apenas se divertia com a minha angústia e sofrimento. Parece cruel, mas ele realmente tem um lado muito sádico.
Uma das últimas brincadeiras desse tipo que ele fez aconteceu quando viajei com a família e os amigos dele para o México. Estávamos na casa de praia dele, e passamos a semana toda lá.
Nesse dia eu estava na praia com Jordan e Eve, quando Ali apareceu e pediu para Jordan ir buscar a câmera de vídeo que estava com o Bono. Jordan não quis, e eu me ofereci imediatamente.
-- O Bono deve estar no quarto. - disse ela – Diga a ele que eu pedi a câmera.
Eu fui, quase correndo. O quarto de Bono e Ali era no segundo andar. Subi as escadas em um segundo, e logo estava parada, ofegante, em frente à porta fechada.
Bati de leve. Nada. Bati de novo. Talvez ele estivesse dormindo. Só na terceira batida ele respondeu:
-- Quem é?
-- Sou eu.
Ele abriu a porta. Usava uma toalha na cintura, e mais nada. Achei que eu fosse desmaiar.
-- O que foi?
-- A... A Ali... Pediu a câmera...
-- Ah, a câmera. Entra.
Não sei o que ele estava fazendo, mas não parecia feliz por eu ter interrompido. Entrei no quarto, tímida. Minha pureza infantil não me permitia olhar para qualquer outro lugar que não fosse o rosto dele. Ele pegou a câmera e me entregou, sem sequer olhar pra mim. Murmurei um “obrigada”, e já ia saindo quando ele disse:
-- Espere.
Parei automaticamente. Ele olhou para mim.
-- Vem aqui.
Cheguei um pouco mais perto, mas ele me pegou pela mão e me fez quase encostar nele. Disse:
-- Você faria algo por mim?
-- Faria... – murmurei, quase num sussurro.
-- Qualquer coisa? - ele sorriu – Tudo?
-- S-s-sim...
Ele estava se divertindo com o meu nervosismo. Chegou seu rosto bem perto do meu e sussurrou:
-- Sabe guardar um segredo?
-- Sei...
-- Ótimo.
Eu não sabia o que ele pretendia, e, fosse o que fosse, minha única vontade era fugir correndo. Mas ele apenas se afastou e abriu uma gaveta, de onde tirou um envelope grande, lacrado e sem identificação.
-- Aqui dentro – ele apontou o envelope – há algo muito importante. Ninguém pode ver o que tem aqui, entendeu?
Balancei a cabeça, afirmativamente. Ele continuou:
-- Eu quero que você entregue isso para o Edge. Só ele pode ver. Você tem que sair daqui e ir direto falar com ele. Ninguém pode saber que isso é pra ele. Só entregue se ninguém estiver vendo. E nunca, em hipótese alguma, veja o que está aqui dentro, entendeu?
-- Sim.
-- Jura que não vai abrir?
-- Juro.
Ele sorriu e entregou o envelope em minhas mãos.
-- Boa menina. Confio em você.
Aquelas palavras me fizeram sorrir.
-- Obrigada.
-- Agora vá, ande. E se lembre de não dizer nada para ninguém.
-- Pode deixar.
Saí correndo dali, transbordando de alegria. Ele confiava em mim! Cheguei na casa onde o Edge estava em cinco minutos, com o coração querendo sair pela boca, e toquei a campainha. Ele mesmo atendeu.
-- Oi, querida. O que foi?
Olhei em volta. Morleigh estava ali perto, lendo uma revista.
-- Eu preciso falar com você, mas não pode ter ninguém perto.
-- Por quê?
-- Porque sim. É um segredo.
-- Bom, tudo bem. Vamos para o jardim, então.
Nos sentamos em um banquinho no jardim. Não havia ninguém por perto. Ele disse:
-- E então? Que segredo é esse?
Entreguei o envelope.
-- Bono pediu que eu te entregasse isso.
Ele pegou o envelope, parecendo surpreso. E ficou ainda mais surpreso quando o abriu, mesmo sem tirar o que tinha dentro. Disse:
-- O Bono te disse o que era isso?
-- Não. Ele disse que eu não podia ver.
Edge riu. Tirou um papel de dentro do envelope e o leu. Em seguida, deu uma gargalhada. Eu estava atônita.
-- O que foi?
-- Ah, nada. Vá, pode ir. Eu vou ver o Bono.
Eu saí, intrigada. Nunca soube o que tinha ali dentro.

* * * * *

Depois daquilo, passaram-se alguns meses, as aulas começaram, e no meio desse tempo eu fiz quinze anos. O que não é muita coisa – não se muda muito em alguns meses – mas já é alguma coisa. Fisicamente, eu começava a parecer mais com uma adolescente e menos com um cabo de vassoura.
Um dia, eu estava na frente da escola, apoiada a um muro, olhando o vazio. Me virei, e dei de cara com Bono, olhando intensamente para mim. Ele ficou sem jeito quando o vi, e disse:
-- A... A... A Jordan já saiu?
-- Já, ela pegou carona com um menino da sala dela.
-- Ah... E você... Quer carona?
-- Quero sim.
No carro, ele ficou a maior parte do tempo calado, olhando para mim. Eu estava dizendo algo sem importância, quando ele subitamente me interrompeu, dizendo:
-- Você cresceu.
Imaginei que ele não se referia à minha altura, primeiro porque eu não crescera nem um centímetro, segundo porque ele disse isso olhando para os meus seios. Eu corei.
-- Você acha?
-- Acho.
Eu tive a ligeira impressão de que era o momento para dizer ou fazer alguma coisa; mas nós chegamos à minha casa, e eu disse apenas:
-- Tchau.
-- Até amanhã.
Eu já saía do carro, quando ele segurou meu braço.
-- Espera.
Meu coração disparou. Olhei para Bono com centenas de imagens românticas dançando à minha frente, imaginando mil e uma declarações de amor.
-- Vai ter uma festa na casa do Guggi, nesse sábado. Se quiser ir...
-- Eu nem conheço ele.
-- Eu sei, mas... A Ali não quer ir, Jordan e Eve também não. Eu não queria ir sozinho, achei que você gostaria... Mas se não quiser, tudo bem...
Demorei alguns instantes para absorver aquilo. Bono estava me chamando para sair. Estava me convidando para uma festa. Sem Jordan ou Eve, sem Ali. Só nós dois, durante toda a noite. Parecia um sonho.
-- Eu... Eu quero, sim.
-- Mesmo? - ele sorriu, segurando minha mão – Ótimo.

* * * * *

Quem não gostou disso foi meu primo.
-- Você ficou louca? - disse ele, depois que eu contei a novidade – Festa com o Bono, à noite, na casa do Guggi? Você perdeu o senso? O que a mulher dele acha disso? Ou melhor, o que a sua mãe acha disso?
-- Elas não acham nada, porque não tem nada demais!
-- Como não? Você não pode ser tão ingênua! Já viu o jeito como ele olha pra você? O que acha que ele está querendo?
-- Não sei o que ele quer, mas não me importo! Pode ter certeza de que ele não vai fazer nada contra a minha vontade!
-- O que está dizendo? Você não sabe o que esse tipo de homem pode fazer! Ele vai se aproveitar de você e depois vai embora, igual deve fazer com um monte de outras por aí! Aquele cara não presta, será que você não vê isso?
-- Ele não é assim! Ele gosta de mim de verdade! E pare de se intrometer na minha vida!
Antes de sair do quarto, ainda o ouvi dizendo que eu ia me dar muito mal. Mas eu não quis escutar.

ir para capítulo 3

ir para lista de capítulos

Nenhum comentário: