CAPÍTULO 5
-- Por que você nunca foi a um show nosso?
A pergunta fora feita por Edge, num dia ensolarado, no convés de um iate. Eu tinha dezesseis anos.
-- Porque quando eu conheci vocês, eu só tinha doze anos. Não me deixavam entrar.
-- Mas agora você pode.
-- Mas faz tempo que vocês não fazem shows.
-- Vamos ter três shows no Japão, daqui a duas semanas. Você podia ir.
-- Ficou louco? Edge, eu moro em Dublin! Como é que vou ver um show no Japão?
-- Pede para os seus pais irem com você.
-- Não imagino meus pais num show de rock. Aliás, não imagino meus pais no Japão.
-- E o seu primo?
-- Ele me bate se eu pedir uma coisa dessas.
-- Pra tudo existe solução. - disse Adam, que chegava nessa hora – Você pode ir com a gente.
-- Com vocês?
-- É. Você fica com a gente, pode até assistir aos ensaios. - ele me abraçou pelo ombro e piscou para Edge – Nós vamos cuidar muito bem de você. Não é, Edge?
-- Claro. - Edge também me abraçou – Vamos te dar um tratamento vip.
Eu ri, e não pude deixar de ficar vermelha.
-- E será que a Morleigh vai gostar de saber sobre esse... Tratamento especial que vocês vão me dar?
-- Ela não precisa saber.
-- Ela não vai com você?
-- Não. Nós não vamos levar as famílias. Vamos só nós quatro.
-- Ah... E vocês querem me levar?
-- Isso. - disse Adam – Companhia feminina é sempre bem vinda.
-- Não, não, vocês são loucos. De jeito nenhum. Tirem essas idéias da cabeça.
-- Oh, bebê, você corta meu coração...
-- Vamos, querida. - Edge deixou de lado o tom de brincadeira e assumiu um ar sedutor – Sei que você gostaria. Sabe quantas meninas dariam a vida para ter uma chance como essa?
-- Por que não procuram uma delas, então?
Saí, um pouco irritada. Até Edge! Ele costumava ser comportado, antigamente.
Dormimos no barco. Naquela noite, Bono bateu no meu quarto. Eu estava de camisola, e fiquei vermelha quando ele entrou.
-- Preciso falar com você.
-- Fala, ué.
Ele se sentou na minha cama, ao meu lado. Seu tom de voz era um pouco mais baixo do que o de costume.
-- Sabe, nós vamos fazer uns shows no Japão, daqui a duas semanas. Eu queria... Digo, você não gostaria de ir?
-- Eu não posso ir sozinha.
-- Pode ir comigo.
-- Ali e Jordan vão?
-- Não. Só iremos eu e a banda.
Suspirei.
-- Foram Adam e Edge que te pediram isso, não foi?
-- Eles comentaram... Mas eu achei a idéia deles ótima! Você vai adorar. Eu tenho ótimas lembranças do Japão, gostaria muito de te mostrar tudo lá, é outra cultura, outro mundo...
-- Bono – interrompi – você sabe muito bem no que Adam e Edge estavam pensando quando me chamaram.
-- Te garanto que as minhas intenções não são as mesmas que as deles. E você não precisa se preocupar, eu não vou deixar ninguém encostar em você. Você vai estar sob minha responsabilidade.
Eu ainda estava indecisa, mas Bono era muito persuasivo. Tocou nos meus cabelos e disse:
-- Se você deixar, amanhã mesmo eu falo com seus pais. Quero explicar tudo pra eles, deixar as coisas bem claras, pra você ter a garantia de que ninguém vai te importunar nem te faltar ao respeito.
Pensei um pouco, antes de responder.
-- Vamos fazer assim: você fala com meus pais. Eu tenho quase certeza de que eles não vão deixar, mas se você conseguir convencer eles, então é porque Deus quer que eu vá mesmo.
-- Então, se eles deixarem, você vai?
-- Vou. Mas tenho certeza de que eles não vão deixar.
Ele sorriu.
-- Ótimo! Amanhã mesmo vou falar com eles!
E eles deixaram. Duas semanas depois, eu estava em um avião, indo para o Japão com o U2.
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