segunda-feira, 17 de maio de 2010

[fanfic #001] [capítulo #009] [U2] EGB


CAPÍTULO 9

-- Edge! - Gill chamou, da sala – Telefone pra você!
-- Quem é? - disse Edge, vindo correndo.
-- Meu futuro marido.
Edge pegou o telefone, confuso.
-- Alô?
-- Oi, cunhado.
-- Bono!?
-- Sua irmã é tão linda no telefone quanto é pessoalmente.
-- Tira o olho.
-- Claro, irmã de amigo meu pra mim é homem. - ele riu – Aqui, você pode vir aqui em casa?
-- Pra que?
-- Ah, nada... Eu só queria conversar, bater um papo... Aluguei uns filmes, a gente podia ver...
-- Ah, claro... Vou, sim. Só vou terminar o dever de química.
-- Que dever de química, Edge! Amanhã é sábado!
-- Mas...
-- Larga esse dever e vem pra cá agora.
-- Tá bom, tá bom...
Depois de alguns minutos, Edge chegou na casa de Bono.
-- Você demorou! - Bono o agarrou pela mão e levou para dentro – Vem, eu tenho um monte de coisas pra te contar!
-- Notícias do Guggi?
-- Sim, e são ótimas! - eles chegaram ao quarto de Bono, e ele trancou a porta – Ele saiu do hospital. Me ligou hoje, tinha acabado de chegar em casa.
-- Que bom! E como ele está?
-- Bem melhor, graças a Deus. Eu rezei muito por ele, acho que me ouviram lá em cima. - ele se jogou na cama – Vem cá, senta aqui.
Um pouco sem jeito, Edge se sentou na cama.
-- E saiu o resultado do exame dele?
-- Saiu. Está limpo. Ele não tem aids, nem nada. Está um pouco anêmico, mas é só.
-- Nossa, que bom... Graças a Deus.
-- Nem me fala. Eu estava me fazendo de forte, sabe... E realmente, tudo o que eu disse era verdade, sobre querer ficar ao lado dele... Mas eu também estava morrendo de medo.
-- Isso é normal. - ele segurou a mão de Bono – Você não tem que ser sempre o mais forte nem o mais corajoso, Bono. Você pode ter medo também.
-- Eu esqueço disso, às vezes. E eu estava com muito medo por você, também. Pelo que você fez, de misturar nossos sangues. Foi a coisa mais linda que alguém já fez por mim, Edge. Acho que foi a maior prova de amor que eu já recebi.
Edge sorriu e passou a mão pelo rosto de Bono. Este ficou muito sério, e segurou sua mão.
-- Fica comigo?
-- Eu estou com você.
-- Não. Eu quero que você fique mesmo comigo. Ao meu lado. Sempre.
-- Eu vou estar sempre ao seu lado.
-- Jura?
-- Juro.
-- E se a banda acabar?
-- O que eu sinto por você não tem nada a ver com a banda. Ela pode acabar, a nossa amizade não.
-- E quando você terminar os estudos e for pra faculdade?
-- Não vou te abandonar. E você vai pra faculdade primeiro que eu.
-- Você realmente acha que eu tenho alguma chance de passar no vestibular?
-- Você é muito inteligente, Bono.
-- Mas o meu tipo de inteligência não é ligado aos estudos.
-- De qualquer forma, eu não vou te deixar nunca. Somos como uma família, lembra? Você mesmo disse. A banda é nossa família.
-- Obrigado.
Bono se sentou e abraçou Edge.
-- Escuta, David...
-- Qual é? - Edge olhou para ele – Eu nem lembrava mais que esse era meu nome.
-- É que o que tenho pra dizer é uma coisa muito, muito séria. - ele segurou as mãos de Edge, olhando-o nos olhos – Você sabe que você é um amigo muito, muito especial, não sabe?
-- Eu sei. E você também é assim pra mim.
-- Eu sei. Mas... Tem coisas que eu queria muito compartilhar com você, e que eu sentia que você ainda não estava pronto. Coisas muito íntimas.
-- Que coisas?
-- Você vai saber, agora. Depois daquele dia no hospital, depois das coisas que você disse, que fez por mim, eu percebi que já é hora de dividir tudo com você. E quero que você também divida tudo comigo. Não teremos mais segredos um para o outro.
-- Eu quero muito dividir tudo com você.
-- Então – ele se apoiou na cabeceira da cama – que tal começarmos contando tudo sobre nós?
-- Contando tudo?
-- É. Comece você. Me conte sobre você.
-- Ah, eu sou péssimo pra isso... Não sei o que falar de mim.
-- Então, me deixe perguntar, e você só tem que responder.
-- Está bem. Pergunta.
-- Você gosta de alguém?
-- Nossa, logo isso? - ele ficou vermelho – Eu... Não sei.
-- Como, não sabe?
-- Eu... Não estou gostando de nenhuma menina.
-- Hum... - ele analisava Edge – Menino?
-- Po, Bono.
-- Nós dissemos que íamos dividir tudo...
-- Eu não sou gay, se é o que quer saber.
-- Bem, eu já imaginava, mas é sempre bom confirmar. - ele riu – De quem você mais gosta?
-- Mamãe.
-- Não, po... To falando dos amigos.
-- Ah, tá... De você.
-- É, eu também gosto de mim, sou mesmo um cara simpático...
-- Cala a boca.
Eles seguiram com aquilo, Bono fazendo uma série de perguntas sobre a vida de Edge, e Edge sempre respondendo a tudo.
-- ... e nós batemos nele.
-- Olha, Edge tem um lado do mal que eu não conhecia...
-- Você nem imagina. E aí? Tem mais?
-- Acho que acabou. Você me contou toda a sua vida desde que tinha dois anos. - ele riu – Sua vez. Pergunta.
-- Pode perguntar qualquer coisa?
-- Manda.
-- Hum... Me fale sobre a sua mãe. Você nunca fala sobre ela.
-- Ah, mamãe... - ele suspirou – Ela era linda. A melhor mãe do mundo. A única que eu poderia ter. Sabe, você já deve ter percebido que eu sou parecido com meu pai, mas os olhos eu puxei de mamãe. Ela era muito boa, engraçada, me dava surras memoráveis, mas também era muito carinhosa, quando eu merecia. Tenho lembranças mágicas dela.
-- E o que aconteceu? Ela ficou doente?
-- Não. Meu avô morreu, e ela ficou muito abatida... Ela tentava se fazer de forte, mas acho que o peso foi demais pra ela. No meio do velório, ela desmaiou. Eu estava do lado dela, olhando pra ela, e ela simplesmente desabou, quase caiu em cima do caixão. Foi uma confusão, todo mundo correndo, meu pai gritando, meu irmão... - os olhos dele se encheram de lágrimas – Levaram ela pro hospital. Ela tinha tido uma hemorragia cerebral. Sobreviveu por três dias. Depois, nós fomos lá, nos despedimos dela, e desligaram os aparelhos que mantinham ela viva. Eu vi ela morrer na minha frente.
-- N-nossa... - Edge também tinha lágrimas nos olhos – Mas... Não podiam, sei lá... Ter deixado os aparelhos ligados?
-- Depois de um tempo, meu irmão me explicou que era como se ela estivesse morta já, o corpo estava vivo mas o cérebro não funcionava mais. Mas eu nunca pude deixar de pensar que, se não tivessem desligado, ela podia ter voltado. Talvez, se eu tivesse rezado bastante, Deus deixasse ela voltar, porque o corpo ainda estava ali, não é? Mas os médicos não pensavam assim. Nem meu pai. Ele deixou ela morrer.
Edge abraçou Bono.
-- Sinto muito.
-- Tudo bem. - ele passou a mão pelos olhos, limpando as lágrimas – Isso foi há muito tempo. Eu já superei. Se é que se supera uma coisa como essa.
-- Vamos falar de coisas alegres. Me fale do Guggi. Como vocês se conheceram?
-- Nossa, foi há tanto tempo...
Ele contou tudo a Edge, sua história com Guggi, seus problemas com o pai, com o irmão, quando dera seu primeiro beijo, a primeira menina que namorara, e muitas outras coisas.
-- Tem... Tem uma outra coisa, Bono – disse Edge, quando Bono já contara praticamente toda a sua vida – uma última coisa que eu gostaria de saber.
-- Pode perguntar.
-- Não é nada sobre você em particular, eu só gostaria de saber... O que você pensa sobre uma coisa.
-- Pergunta.
-- Bem... Você vai achar isso muito estranho, mas... O que você pensa sobre meninos que... Beijam outros meninos?
-- O que!?
-- É, sabe... - Edge começava a se arrepender de ter perguntado – Tem meninos que gostam de beijar outros meninos...
-- Eu sei. - ele olhava para Edge, aturdido – É, realmente é uma pergunta muito estranha.
-- Eu avisei.
-- Por que está perguntando isso?
-- Bem... Eu não queria dizer, porque achei que você podia ficar ofendido, mas... É que... Teve um dia em que eu tava conversando com o Larry, sabe, e...
-- E você beijou ele?
-- Não! Tá doido? A gente tava conversando, e... Começamos a falar sobre aquela vez aqui na sua casa, lembra? Quando você colocou um filme pornô pra gente assistir...
-- Claro que lembro.
-- Bem... Aí, né, a gente tava falando, porque o Larry não gostou muito daquilo, e eu também me senti um pouco incomodado com a situação...
-- Eu achei que você tivesse gostado. Você também foi se trancar no banheiro, logo depois do Larry, não foi? Eu até achei que vocês dois tinham ficado juntos lá dentro.
-- C-como assim, ficado juntos?
-- Calma, eu não pensei que você tinha comido ele... Mas achei que vocês tinham ficado brincando, sei lá.
-- Brincando?
-- É, sabe? Igual eu e o Guggi ficamos fazendo.
-- Isso! Digo, nós não fizemos isso, mas era disso que o Larry estava falando. Ele viu, sabe... Você... Brincando com o Guggi. E ele ficou muito... Confuso.
-- Confuso.
-- É. Ele ficou achando que você e o Guggi, entende... Que vocês... Bem...
-- Que eu transava com ele.
-- Isso. E ele me perguntou, e eu não soube o que dizer. Digo, eu sei que vocês não transam, isso é absurdo... - ele riu – Mas vocês estavam tocando daquele jeito um no outro, então eu confesso que também fiquei um pouco...
-- Confuso.
-- Isso. E eu queria te perguntar sobre isso já há muito tempo, mas não sabia como... Mas agora você disse que temos que contar tudo um pro outro, então...
Bono estava muito sério, e ficou olhando para Edge, sem responder. Edge ficou vermelho.
-- Eu... Perguntei algo que não devia?
-- Não.
-- Se... Se não quiser responder, tudo bem...
-- Você quer saber se eu transo com o Guggi?
-- E-eu não disse isso... Que é isso, Bono, eu nunca pensaria que vocês... Digo, você tem namorada, eu sei que você não...
-- E se eu transar?
-- Que?
-- Se eu disser que o que o Larry pensou é verdade – ele chegou mais perto – se eu disser que eu pego o Guggi, o que você vai fazer?
-- Eu? Ah, não sei... Digo, por mim tudo bem, não muda nada... Mas você não faz isso com ele... Faz?
Ao invés de responder, Bono olhou pela janela.
-- Já está tarde.
-- Se... Se quiser que eu vá embora...
-- Não. Quero que durma aqui.
-- O que!?
-- Dorme aqui, Edge, e eu te conto tudo sobre eu e o Guggi. Tudo. Senão, eu não vou poder te contar.
-- Mas... Eu nem trouxe roupa, nem nada...
-- Eu te empresto.
-- Bem... Acho que não tem nada demais, então...
-- Ótimo. Depois do jantar, quando estivermos indo dormir, eu te conto.
-- Tá bom.
* * * * *

Edge saiu do banheiro, vestindo uma calça e uma camiseta de Bono, e entrou no quarto. Bono estava mexendo em sua coleção de discos, e disse:
-- Olha o que eu comprei.
Ele entregou um disco do Led Zeppellin para Edge.
-- Nossa, esse é muito bom. Eu e o Dick compramos ele no Natal passado e demos de presente um para o outro.
-- Já tinham me falado que era muito bom. - Bono foi até a porta e a trancou – O Gavin disse que eu não poderia ser um cantor de rock se não tivesse ouvido esse disco.
-- Ele é bom, mesmo... Mas acho que você pode ser um cantor razoável mesmo sem ouvi-lo.
-- Não quero ser um cantor razoável, quero ser um grande cantor. Do mesmo jeito que você vai ser um grande guitarrista.
-- Eu? Quem me dera, Bono. - ele riu – Eu mal consigo afinar minha guitarra.
-- Acredite no que estou falando. Eu não tenho a menor dúvida de que vamos ser grandes.
Bono colocou um copo de água na cômoda ao lado da cama. Edge disse:
-- Eu vou dormir onde?
-- Aqui. - ele apontou para a cama.
-- Ahm... Mas...
-- Tem um colchão em cima do guarda roupa, mas é muito fino. E eu não vou deixar você dormir no chão, de jeito nenhum.
-- E você?
-- O que tem eu?
-- Vai dormir comigo?
-- É claro.
-- Mas...
-- Nós já fizemos isso antes, não é mesmo? Eu não me incomodo. Mas se for problema pra você, eu posso...
-- Não! Não, está tudo bem... - ele riu – Que mal tem, não é? Eu já dormi em cima de você uma vez, posso muito bem dormir mais uma ou duas vezes.
Edge achara que Bono iria rir, mas o outro permaneceu muito sério. Desde que Edge fizera aquela pergunta, ele estava diferente, mais sério, quase formal. Edge sentia que fizera algo errado, que podia ter estragado sua amizade especial com Bono; mas, se o outro o chamara para dormir com ele na cama, ainda havia esperança de consertar as coisas.
Eles ficaram ouvindo o disco novo de Bono, e, quando terminaram, ficaram ainda algum tempo conversando sobre música, acordes e melodias. Já era mais de meia-noite quando Bono disse, bocejando:
-- Acho que estou com sono...
-- Somos dois.
-- Vamos deitar, então. - ele se levantou e tirou a camisa – Amanhã tentamos encontrar o final dessa música.
Bono desabotoou a calça. Edge quase deu um pulo pra trás.
-- O-o-o que você está fazendo?
-- Me preparando pra dormir, ué.
-- M-mas precisa tirar a roupa?
-- Você dorme vestido?
-- Claro...
-- Nossa, nem quando está frio eu durmo vestido. - ele tirou a calça – Você se incomoda?
-- Ahm... Não, claro que não...
-- Tire a roupa também. Me agonia ver alguém usando até camisa na hora de dormir.
-- Ahm... Eu tiro a camisa, então...
Edge tirou a camisa. Quando se virou novamente para Bono, este já tinha tirado até a cueca.
-- O que foi? - disse Bono, quando viu que Edge olhava fixamente para ele – Algum problema?
-- N-não... Pelo contrário...
-- Você está vermelho.
-- É... É o calor, eu acho...
-- Mas não está calor.
-- Não? Ah... Que coisa...
-- Bem, vamos dormir?
-- Ah, claro, dormir... Vamos...
Ele deitou na cama de Bono. O outro apagou a luz, acendeu a luz do abajur e se deitou ao seu lado. Edge se sentiu meio zonzo quando o corpo de Bono quase encostou no seu.
-- V-você... - Edge murmurou, sem saber direito o que estava dizendo – Você gosta de deixar a luz acesa?
-- Não, eu sempre deixo tudo apagado.
-- Então, por que ligou o abajur?
-- Pra te ver melhor. - ele sorriu – Minha netinha.
Os dois riram.
-- Eu não vou perguntar por que a sua boca é tão grande.
-- Ah, que pena...
Bono colocou a mão no braço de Edge, e a deixou escorregar para seu peito. Edge sentia cada vez mais calor.
-- O que você está fazendo?
-- Passando a mão em você.
-- Por quê?
-- Só curiosidade. - ele esfregou o peito de Edge – Você tem pêlos.
-- É, você também.
-- Mas eu não imaginava que você tivesse. Achei que fosse como o Guggi.
-- O Guggi não tem pêlos?
-- Bem poucos.
-- É, tem meninos que não têm. O Larry, por exemplo. O Adam também, eu acho.
-- Seus pêlos são escuros, né? Iguais aos meus.
-- Ué, claro. Digo, escuro. - eles riram – Todo mundo é assim.
-- Claro que não. Quem é loiro tem os pêlos claros.
-- O Guggi tem os pêlos claros?
-- Tem.
-- Ah, mas... Vai ver, é porque os pêlos dele são mais finos, então onde bate sol fica mais clarinho. Mas duvido que seja assim no corpo todo.
-- Estou dizendo que são. Mesmo onde não bate sol, os pêlos dele são loirinhos. Parecem feitos de ouro, de tão claros.
-- Tem certeza? Digo, braço, perna, até peito tudo bem, porque bate sol de vez em quando... Mas...
-- Tenho certeza. Lá embaixo também, eles são claros.
-- Lá embaixo...?
-- É. Lá. - ele desceu a mão até a calça de Edge – Aqui. É onde eles parecem mais claros.
-- Ah... Ah, tá...
-- Você tem muito aqui?
-- Muito...?
-- Pêlos.
-- Ah... É, tenho...
-- Posso ver?
-- V-ver?
-- É. Mostra pra mim.
-- M-mas Bono – ele olhou para baixo, embora só pudesse ver o cobertor – pra que você quer ver isso?
-- Pra saber se parece comigo. Olha – ele afastou o cobertor de cima dele – eu deixo você ver o meu.
Edge tentou fingir que não estava interessado, mas foi impossível não olhar. Murmurou:
-- Você também tem muitos pêlos...
-- Tenho.
-- E são escuros...
-- Se eu fizer uma pergunta, você promete responder com sinceridade?
-- Claro.
-- Você acha o meu pau muito pequeno?
-- QUE?
-- O meu...
-- E-eu ouvi. - ele engoliu em seco – Eu sei lá, Bono...
-- Olha, ué.
-- Estou olhando... Mas sei lá, não dá pra ter muita noção... Parece ser normal...
-- Quer segurar?
-- O que?
-- Meu pau.
-- Pra que????
-- Talvez assim dê pra ver melhor se ele é grande ou pequeno.
-- Ah, Bono, isso não importa... Olha, se quer saber, é maior que o meu. E eu não acho o meu pequeno.
-- Tem certeza?
-- Absoluta.
-- Você acha ele bonito?
-- Bono, isso é o mesmo que me perguntar se eu acho... Sei lá, sua mão bonita. É normal, ué.
-- Por que não? Eu acho suas mãos lindas.
Ele pegou a mão de Edge, e por um momento este temeu que ele a colocasse lá embaixo, mas ele apenas a segurou, mexendo em seus dedos.
-- Edge...
-- Sim?
-- Você tinha me feito uma pergunta, lembra?
-- Ah... Está falando do que eu perguntei sobre você e o Guggi? Olha, esquece isso, eu não...
-- Não, não, não essa... Antes. Você tinha me perguntando o que eu achava de meninos que beijam outros meninos.
-- Ah, é...
-- Então – ele se ergueu um pouco, para olhar melhor para Edge – você ainda quer saber o que eu acho?
-- Acho que quero... Se você quiser responder, é claro.
-- Vou responder, sim.
Sem uma palavra, e tão subitamente que Edge não pôde reagir, Bono se inclinou para cima dele e o beijou na boca. Edge murmurou um “hmmmm”, sem querer, quando a língua de Bono encostou na sua. Mas, do mesmo modo que começara, terminou: Bono se afastou e se deitou novamente ao seu lado, olhando para ele. Edge estava ofegante.
-- É isso o que eu acho. - disse Bono, calmamente.
-- Bono... - Edge olhou para ele, com um milhão de sentimentos misturados, desde os melhores até os mais confusos – Eu... Eu não estou entendendo direito...
-- Você queria saber o que eu faço com o Guggi. O que os amigos especiais fazem. Estou te mostrando.
-- Você beija ele? É isso?
Bono suspirou.
-- Você não entende? Eu já te expliquei.
-- Explicou?
-- Eu dou a ele o que ele precisa. Se for um beijo o que ele estiver precisando, e não houver meninas que possam fazer isso, então eu é que vou dar isso a ele.
-- E... E agora, quando você me beijou...
-- Eu senti que era disso que você precisava. De uma explicação.
-- Ah... Ah, tá... Acho que entendi, então.
Mas ele ainda estava confuso, e qualquer um podia perceber isso. Bono começou a rir.
-- O que foi? - disse Edge.
-- Você é um menininho inocente, sabia?
-- Eu? Inocente? Nem sou mais virgem...
-- Eu sei o que você precisa, Edge.
-- Sabe?
-- Você está com calor, não é? Está tão quente... - ele passou a mão pelo peito de Edge – Aqui, está suando... Tira esse cobertor, você vai cozinhar.
Ele jogou o cobertor para o lado. Edge disse:
-- É, estava quente mesmo...
-- Mas você ainda está com calor, não é? Sua pele está fervendo. Eu disse que era loucura dormir com roupa. Vamos tirar isso.
Edge deixou que Bono desabotoasse sua calça, mas então segurou sua mão.
-- Não.
-- O que foi?
-- Eu... Nunca durmo sem roupa.
-- Vai cozinhar assim. Já sei!
-- O que?
-- Peraí.
Bono se levantou e saiu do quarto. Voltou instantes depois, trazendo um copo com gelo.
-- Toma. - ele se deitou novamente e colocou um cubo de gelo nos lábios de Edge – Chupa.
Sem ter como dizer não – pois Bono estava quase enfiando o gelo em sua boca – Edge colocou o gelo na boca. Bono sorriu.
-- Está bom? Refrescante?
-- É, muito...
-- Me deixa sentir também?
Antes que ele respondesse, Bono já colara os lábios nos dele, e começou a lamber o gelo que estava dentro da boca de Edge. O outro deixou, e os dois ficaram compartilhando a sensação gelada. Quando o gelo derreteu, Bono continuou beijando Edge. Se afastou por um segundo e disse:
-- Sua boca é tão gostosa... - e voltou ao beijo.
Edge estava se acostumando com aquilo: abraçou Bono e fechou os olhos, se deixando levar. Sentiu que o frio em suas bocas desaparecera; Bono se afastou por um segundo e pegou outro cubo de gelo, que eles voltaram a chupar. Mas, antes que este derretesse, Bono o tirou da boca e o passou pelo pescoço de Edge, descendo em seguida por seu peito. Ele passou a beijar os lugares por onde passava o gelo: pescoço, peito, braços, barriga. Sempre descendo. Edge abriu os olhos quando Bono deixou o gelo derreter em seu umbigo, a sensação congelante lhe causando arrepios.
-- Isso é bom? - Bono perguntou.
-- Sim...
O gelo acabou, e Bono ficou bebendo a pequena pocinha de água que se formara no umbigo de Edge. Quando acabou, disse:
-- Eu sei o que você precisa.
-- Sabe...?
-- Sei. Você é meu melhor amigo, não é?
-- Sou... Seu amigo especial...
-- E os amigos especiais fazem tudo um pelo outro, não é?
-- Tudo...
-- Você vai me fazer feliz, Edge?
-- Vou, vou fazer qualquer coisa, qualquer coisa...
-- Então, me deixa fazer você feliz também.
Dessa vez, Edge deixou Bono abrir o zíper de sua calça. Mas ele não a tirou.
-- Você está de cueca?
-- Ahm? Ah, estou, é claro...
-- Ia ser mais fácil se estivesse sem... Mas nada que não possamos dar um jeito.
Ele colocou a mão dentro da calça de Edge, abaixo da cueca, e não demorou para encontrar o que queria. Teve que afastar um pouco a calça, mas logo conseguiu colocar aquilo para fora.
-- Não sei se o seu é menor que o meu – ele disse, olhando atentamente – mas com certeza é muito bonito.
Edge queria agradecer, mas descobriu que era incapaz de falar. Bono abaixou, até ficar na mesma altura daquela singela parte do corpo de Edge. Ficou um tempo apenas olhando, como se estivesse admirando um buquê de flores; e então, muito lentamente, e sem tirar os olhos de Edge, ele se aproximou e lhe deu um beijo.
-- Bono... - Edge murmurou, sem fôlego.
-- Eu sei que você quer isso.
-- Eu quero...
Bono lhe deu mais um beijo. Edge fechou os olhos. Uma lambida, e Edge quase deu um grito. Então, Bono finalmente começou a fazer com ele o mesmo que havia feito com o gelo.
-- Bono... Ohhhh... Meu Deus...
Ele parou por um instante.
-- Se quiser, pode apagar a luz.
-- Não, não, deixa acesa. Continua, por favor...
Obedientemente, Bono continuou. No início, Edge estava sentindo mais vergonha do que qualquer outra coisa, mas logo isso mudou: ele agarrou os cabelos de Bono e começou a dizer coisas que, numa situação normal, fariam ele mesmo ficar horrorizado.
-- Isso, isso... Aaahhh... - ele agarrou no travesseiro – Mais forte, Bono, mais forte!
Bono fazia tudo o que Edge queria, e até mais: parecia adivinhar seus pensamentos. Edge tentou segurar mais um pouco, só mais um pouquinho, mas foi impossível. Tudo o que ele pôde fazer foi morder com força o travesseiro – o pai e o irmão de Bono estavam em casa, e não seria nada bom se eles ouvissem seus gritos – e sufocar um gemido alto, enquanto sentia um verdadeiro incêndio abaixo da cintura, que parecia vir da boca de Bono.
* * * * *

Ele abriu os olhos, sentindo um enorme torpor por todo o corpo. Parecia estar anestesiado. Bono estava de pé ao lado da cama, e Edge ficou olhando enquanto ele bebia a água do copo, e em seguida limpava a boca com um guardanapo.
Bono se deitou de novo na cama, e Edge fechou os olhos. Não queria pensar, nem fazer perguntas, nem nada; só queria dormir, de preferência pelos próximos dois ou três meses. Ouviu Bono murmurando coisas em seu ouvido, algo sobre prazeres e amizades, mas não pôde entender muita coisa, e apenas balançou a cabeça. Só quando o outro fez uma pergunta ele tentou prestar atenção.
-- Posso apagar a luz? - Bono repetiu, ao ver que Edge não entendera, e justificou – Eu gosto de imaginar, sabe.
Edge balançou a cabeça, concordando. Concordaria até se Bono dissesse que o céu era verde. Bono apagou a luz do abajur, e Edge fechou os olhos, já entrando num sono profundo. Sentiu que Bono puxava sua calça, e se mexeu um pouco, para que ele pudesse abotoá-la.
Mas Bono não a abotoou. Ao invés disso, a puxou para baixo, e Edge sentiu ela deslizar por seus joelhos e suas pernas, até saírem completamente. Mas estava com sono demais para processar essa informação, e, de qualquer forma, estava calor: dormir uma vez sem roupa não faria mal.
Bono estava novamente sentado na beira da cama, e Edge teve a impressão de o ver mexendo em algo dentro de uma gaveta; mas não podia ter certeza, estava quase dormindo. Sentiu ele se deitando, e teve a impressão de que estava de novo sob ele. O ouviu murmurar algo, perguntar algo, mas aquilo já era quase parte de um sonho. Apenas suspirou, concordando, e deixou Bono deitar em cima dele.
O que aconteceu a seguir, porém, o despertou completamente.
Primeiro, Edge não soube dizer o que estava acontecendo. Uma dor horrível percorreu seu corpo, e ele abriu os olhos, em pânico. Estava muito escuro, não podia ver nada, e não conseguia identificar de onde vinha aquela sensação. Mas Bono se moveu, e seus sentidos despertaram: foi com terror que percebeu que havia algo nele, dentro dele, e não demorou mais de um segundo para entender o que acontecera. Mais um movimento de Bono, e Edge quase gritou. Mas engoliu o grito; não podia acordar os outros que dormiam na casa. Lágrimas vieram aos seus olhos, e ele queria dizer para Bono parar, mas não conseguia, se abrisse a boca ia gritar. Por sua vez, Bono se mexia cada vez mais rápido, com força, e a dor aumentava cada vez mais: Edge tinha a certeza de que ia abrir ao meio a qualquer momento.
Edge soluçava, as lágrimas caíam em rios por seu rosto; mas Bono não percebia, ou não se importava, porque o machucava cada vez mais, era cada vez mais agressivo. Edge já não conseguia pensar, só queria que aquilo acabasse, estava quase implorando para Bono parar, mas tinha medo de falar, tinha medo de acabar gritando tão alto que sua dor fosse ouvida por toda a vizinhança.
-- Sim... - veio o gemido de Bono, entre respirações – Ohhh...
Um segundo de desespero para Edge, e de êxtase para Bono; em seguida, apenas mais algumas respirações, e acabara.
Bono já não estava dentro dele, mas Edge ainda o sentia, sentia a dor e a invasão: tinha a impressão de que Bono abrira um buraco enorme dentro dele, que nunca mais fecharia. Este, por sua vez, se acomodou ao seu lado, passou um braço ao redor dele, murmurou um “obrigado” - dessa vez, Edge entendia perfeitamente – e adormeceu quase imediatamente.
Mas Edge sentia tanta dor que provavelmente nunca mais em sua vida iria dormir.

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